Luiz Antonio de Castro Santos (1945-2025)

4 de julho de 2025

Luiz Antonio de Castro Santos

Luiz Antonio de Castro Santos

É com imenso pesar que recebemos a notícia do falecimento do professor Luiz Antonio de Castro Santos (Campinas-SP, 1945 – Ribeirão Preto, 2025). A revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos pediu ao pesquisador Carlos Henrique A. Paiva, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, para comentar brevemente a trajetória e contribuição do sociólogo ao campo da história da saúde no Brasil. O texto é assinado em conjunto com a editora-executiva Roberta Cardoso Cerqueira.

Luiz Antonio de Castro Santos, uma figura seminal nas análises sobre saúde pública e pensamento social brasileiro, se destacou pela combinação inovadora de abordagens sociológicas e históricas, especialmente no contexto dos anos 1980, quando a sociologia histórica raramente explorava as relações entre saúde pública e a história do Brasil.

A carreira profissional de Castro Santos teve início no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em meados dos anos 1980. No final da década seguinte, contudo, a convite da antropóloga Maria Andrea Loyola, ele se instala no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Nesta instituição, uma casa com papel proeminente nas discussões da reforma sanitária brasileira desde os anos 1970, Castro Santos liderou pesquisas importantes no campo da sociologia histórica da saúde. Seus estudos no instituto abriram portas para diversos pesquisadores que, desde então, se dedicaram às complexas relações entre saúde internacional, nacionalismo e saúde pública, bem como ao pensamento social e à história das profissões de saúde no Brasil. Estes estudos abriram caminho para a formação de vários pesquisadores no campo da História e das Ciências Sociais, em um movimento que, na Fiocruz, ganharia contornos institucionais com a própria criação da Casa de Oswaldo Cruz.

Os laços de Castro Santos com a COC sempre foram estreitos. Ele formou diversos pesquisadores da Casa, bem como participou de diversos eventos e bancas de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, trazendo sempre importantes contribuições ao ensino e a pesquisa desenvolvidas pela nossa instituição. Destaque para sua longa contribuição como editor-adjunto de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, periódico lançado em 1994, que se tornaria fundamental para a consolidação da pesquisa e o debate nas áreas de história das ciências e da saúde. Participativo, em nossas reuniões de Conselho Editorial, estava sempre disponível para as nossas inúmeras solicitações de avaliação dos artigos. A cada edição da revista, recebíamos seus comentários, elogios ou críticas sobre os textos publicados. Foi, portanto, um dos nossos editores mais participativos e a quem somos muito gratos por todo o trabalho dedicado à revista.

Nos últimos anos de atividades profissionais, Castro Santos passaria a se dedicar a problemáticas importantes, como a ética em pesquisa e a defesa da educação básica universal e de qualidade. Após sua aposentadoria do IMS/UERJ em 2015, Castro Santos se mudou para Porto Seguro, Bahia, onde se envolveu com o projeto inovador da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSBA), sob a liderança do professor Naomar de Almeida Filho. Como professor-visitante na UFSBA, ele contribuiu em diversas frentes, com destaque para suas atividades docentes no Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde).

Hoje, triste pela ausência física de Castro Santos, encontramos conforto na certeza de que sua obra vasta e consistente garante sua presença contínua entre nós, inspirando e formando gerações de profissionais em nossa área.

Carlos Henrique A. Paiva
Pesquisador – COC/Fiocruz

Roberta C. Cerqueira
Editora executiva História, Ciências, Saúde – Manguinhos

Leia no Blog de HCS-Manguinhos:

Luiz Antonio de Castro Santos: “Nosso grande problema na saúde coletiva é o esquecimento da história”

Um depoimento publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 26, n. 3, jul./set. 2019) traz memórias e análises de um dos pioneiros nas reflexões da sociologia histórica sobre as questões de saúde

As fronteiras (secas) do saber

Luiz Antonio de Castro Santos: “Minha geração de cientistas sociais teve formação extraordinariamente diversificada, que não privilegiava a demarcação de territórios do saber.”
 
Leia na revista HCS-Manguinhos:
 
Desigualdades socioeconômicas na América Latina e Caribe: o futuro pós-pandemia para a formação profissional na saúde, Faria, Lina Alvarez, Rocío Elizabeth Chavez Santos, Luiz Antonio de Castro (Hist. cienc. saude-Manguinhos (v. 30, supl 1, 2023) https://doi.org/10.1590/S0104-59702023000100029
 
Santos, Luiz Antonio de Castro; Paiva, Carlos Henrique Assunção; Pires-Alves, Fernando; Teixeira, Luiz Antonio. (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, set 2019, v. 26, n. 3)
Pereira, Silvana Maria; Pedro, Joana Maria. (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, jun 2013, v. 20, n. 2) https://doi.org/10.1590/S0104-59702013000200021
 
As profissões de saúde: uma análise crítica do cuidar
Faria, Lina; Santos, Luiz Antonio de Castro (Hist. cienc. saude-Manguinhos v. 18, supl 1, dez 2011)
 
Santos, Luiz A. de Castro (Hist. cienc. saude-Manguinhos v. 15, n. 1, mar 2008 )