ENTREVISTA | Regina Horta Duarte
Marina Lemle | Blog de HCS-Manguinhos

Regina Horta Duarte
Em plena pandemia, a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos lançou um suplemento sobre história dos animais que demonstrou que o tema não só tem relevância, como repercute em diferentes públicos.
Em 2025, a revista está ainda mais “animal”, com a entrada no time de editores-adjuntos da historiadora Regina Horta Duarte, coordenadora do Centro de Estudos dos Animais (CEA), professora titular do Programa de Pós-Graduação em História na UFMG e uma das editoras-convidadas do suplemento Reciprocidade em desequilíbrio: história das relações entre animais (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 28, dez/2021), número marcante na história da revista e de seus blogs e redes sociais.
Além do pioneirismo neste campo que inverte a ótica da história para os animais, como coprodutores da história, Regina Horta traz na bagagem a experiência como editora em outros periódicos de história e se destaca pelo domínio midiático com que faz divulgação científica, produzindo vídeos e entrevistas e compartilhando nas redes sociais. Ela respondeu em áudios as perguntinhas enviadas pelo Blog:
Em que você está trabalhando atualmente e qual foi a sua motivação?
Desde 2017, tenho desenvolvido um trabalho sobre os zoológicos na América Latina, com apoio do CNPq. Acabei de publicar um livro, Genealogia dos zoológicos na América Latina – civilização, ciência e sensibilidades – 1875 a 1939. Encontrei a história dos zoológicos quando eu trabalhava a história da biologia, a história dos museus nacionais, que nos primórdios do século XX, tinham relação com os zoológicos que então que surgiam na América Latina, a exemplo do Parque Zoológico de Chapultepec, no México, da Argentina, da Costa Rica. Mas também na história ambiental, na história ambiental urbana, e me encontrei com um campo muito promissor que é a história dos animais.
O meu segundo projeto em andamento, que comecei agora, no ano passado, é a história da fauna silvestre, na Grande BH, desenvolvido com apoio da Fapemig, que une história natural, história da cidade, história ambiental, história dos animais, arquivística, e eu trabalho junto com o professor Dr. Marcelo Vasconcelos, curador da exposição de Ornitologia, do Museu de Ciências Naturais da PUC, Minas, e com Yuri Mello Mesquita, doutor pela UFMG, e que é professor da PUC Minas também. Ouça aqui.
Está preparando alguma novidade?
Eu acabei de entregar o manuscrito de um livrinho, que é uma espécie de um roteiro sentimental de uma coleção aqui. Chama-se A cidade de cada um, sobre a relação entre algum dos cidadãos de Belo Horizonte e algum lugar específico. É um livro bem sentimental, quase autobiográfico, sobre o zoológico de Belo Horizonte e eu.
E tenho, há alguns anos, o canal de divulgação científica no YouTube As quatro estações, que veicula vários tipos de programas, pequenos, entrevistas, documentários. E agora nesse projeto da história da Fauna Silvestre da Grande BH, nós estamos fazendo várias entrevistas com especialistas sobre o tema e também produzindo pequenos vídeos curtinhos para as mídias sociais, de dois a três minutos. Então a divulgação científica tem sido uma constante da minha vida acadêmica desde 2013, quando eu comecei a trabalhar na Rádio UFMG fazendo programas quatro estações e depois transformei essa produção num canal no YouTube com algumas playlists diferentes. Recomendo a todos que visitem, se inscrevam, assistam e divulguem, por favor. Ouça aqui.
Como espera contribuir para a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos como editora-adjunta?
Eu tenho alguma experiência com editora, fui editora da Revista Halac – Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña, da Varia História, da Revista Brasileira de História. Mas há muitos anos, e tudo muda muito rapidamente. Eu não tenho certeza se essa experiência que tive lá atrás ainda seria tão útil nesse momento. Mas o que eu mais tenho a oferecer, certamente, é uma certa mirada sobre a história e a relevância ou não de certos temas para a nossa atualidade, para a nossa urgência de algumas coisas. E, especialmente, ser uma pessoa disponível, porque eu creio que o que um editor-chefe precisa é de uma equipe que realmente esteja disposta a colaborar de uma forma frequente, regular e séria com os trabalhos da revista, que são infindáveis. Então acho que a minha principal contribuição é ser disponível, atenta e comprometida com essa revista que eu admiro tanto. Ouça aqui.
Conheça um pouco do trabalho de Regina Horta Duarte:
YouTube
As quatro estações – Programa de divulgação científica
Livro
Biodiversity – Handbook of the Anthropocene in Latin America II, Olaf Kaltmeier, Antoine Acker, León Enrique Ávila Romero, Regina Horta Duarte (eds.)
Leia no Blog e na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos