Livro sobre os 125 anos de história da Fiocruz será lançado em 28/5

Maio/2025

Foto do castelo que sedia a Fiocruz, no Rio de Janeiro, ilustra a capa do livro sobre os 125 anos da instituição

Na manhã da próxima quarta-feira, 28 de maio, será lançado o livro Ciência e Saúde pela Vida: 125 anos de História da Fiocruz (Editora Fiocruz/Hucitec Editora, 2025), como parte das comemorações de aniversário da Fundação Oswaldo Cruz, criada em 25 de maio de 1900, com o nome de Instituto Soroterápico Federal. 

O livro foi organizado por Dominichi Miranda de Sá, André Felipe Cândido da Silva, Tamara Rangel Vieira, Vanessa Pereira da Silva e Mello e Lorenna Ribeiro Zem El-Dine, do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (Depes/COC/Fiocruz).

O lançamento ocorrerá na cerimônia de abertura das celebrações do aniversário, das 9h30 às 12h30, no auditório de Bio-Manguinhos, na Fiocruz (Av. Brasil, 4365, Rio de Janeiro).

Ao longo destes 125 anos, a Fiocruz destacou-se em diversas áreas, como microbiologia, medicina tropical, protozoologia, micologia, biologia marinha, biologia molecular, ecologia, entomologia, fisiologia, bioquímica, genética e história da ciência e da saúde.

O livro foi concebido inicialmente para comemorar os 120 anos da Fundação, em 2020, mas a pandemia de covid-19 impediu o acesso dos pesquisadores aos acervos e arquivos, levando ao adiamento do projeto. Por outro lado, a obra ganhou mais um tema, já que a Fiocruz teve atuação de grande destaque no combate à pandemia, assim como em epidemias passadas.

Estruturado em 12 décadas, o livro conta com 122 verbetes escritos por 83 autores, em sua maioria historiadores da ciência e da saúde atuantes e/ou formados pela COC/Fiocruz. Na Apresentação, os organizadores contam que a obra resultou de um exaustivo trabalho de pesquisa. O levantamento inicial no site da Hemeroteca Digital identificou mais de 31 mil ocorrências entre 1900 e 2020. Até a década de 1970, a pesquisa foi realizada exclusivamente no acervo da Biblioteca Nacional e em periódicos de alcance nacional. De 1980 em diante, foram incluídas notícias regionais, com destaque para estados em que foram estabelecidas unidades da Fiocruz. Com base nesse recorte, foram examinadas 18.205 menções na imprensa.

Os verbetes seguem uma ordem cronológica, mas não rigidamente sequencial. “As notícias dos jornais nos fizeram optar por um livro de verbetes e imagens, com textos mais curtos, e pela subdivisão em décadas. O resultado foi um livro mais articulado a eventos da própria história do Brasil, destinado ao grande público e não apenas ao público acadêmico ou à comunidade Fiocruz, de modo a constituir produto de divulgação científica da história institucional”, esclarecem. “Esse enquadramento nos pareceu adequado porque, neste processo editorial de cinco anos, além da pandemia, que conferiu extrema visibilidade pública e social à Fiocruz, atravessamos também o marco do bicentenário da Independência do Brasil. Em pouco mais de duzentos anos de história do país independente, a Fiocruz esteve presente em 125 deles.”

Massacre de Manguinhos

O livro inclui um relatório apresentado em maio de 1965 ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e à Academia Brasileira de Ciências por 11 pesquisadores, entre os quais estão cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) posteriormente cassados durante o episódio conhecido como Massacre de Manguinhos. “Esse registro é um testemunho eloquente das tensões vividas pela instituição no início da ditadura civil-militar, antes do endurecimento repressivo imposto pelo AI-5, em 1968. Reflete a resistência dos cientistas às intervenções que colocavam em xeque a legitimidade de suas atividades, dificultadas por medidas burocráticas e autoritárias”, destacam.

No prefácio, o pesquisador Paulo Elian, ex-diretor da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, explica que o livro é uma obra coletiva de fôlego que destrincha a história institucional sem induzir o leitor a uma visão linear e acrítica. “Desvela-se, em textos de fácil leitura, um mosaico de experiências e processos políticos, econômicos, sociais e culturais da história da República, nos quais a ciência, a medicina, a saúde e a Fiocruz foram atores permanentemente em cena”, afirma Elian.

No texto da contra-capa, Lilia Moritz Schwarcz, professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, professora visitante em Princeton e membra da Academia Brasileira de Letras, afirma ter “muito orgulho dessa Fiocruz cidadã, que vai cumprindo seu papel na promoção da igualdade no país e no desenvolvimento sustentável, que passa sempre pela boa ciência.”

“Neste livro de vocação coletiva (todo bom conhecimento é, no limite, público e de grupo), ficamos conhecendo por dentro a história dessa instituição que, como nós brasileiros e brasileiras, tem compromisso com o passado, aposta na excelência do presente e renova a esperança no futuro”, enfatiza Lilia Schwarcz.

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