Outubro/2024
No início do século XX, com o aumento do número de diabéticos, surgiu a questão sobre como prover terapêutica e assistência aos diabéticos sem possibilidade de financiar o seu tratamento. Foi neste contexto que nasceu, em Portugal, nos anos 20 do século passado, uma associação filantrópica voltada ao tratamento e educação sobre a doença – a Associação Protetora dos Diabéticos Pobres (APDP), liderada pelo médico Ernesto Roma.
Pioneira na assistência a diabéticos pobres não só em Portugal, como no mundo, mas quase ignorada pela historiografia da saúde, a Associação Protetora dos Diabéticos Pobres é tema de um estudo de pesquisadores da Universidade de Coimbra. Em artigo publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Ismael Vieira, João Rui Pita e Ana Leonor Pereira lançam um olhar renovado sobre a instituição, analisando a sua atuação em Portugal entre 1926 e 1946, e evidenciando as influências que ela exerceu na formação de médicos, enfermeiros e outros profissionais que, posteriormente, implementaram a diabetologia nos vários estabelecimentos hospitalares do país.
Os pesquisadores analisaram documentos sobre as primeiras consultas de diabetes, a implementação do tratamento com a insulina, a divulgação de uma dietética específica, a higiene do diabético, a autovigilância e o trabalho de assistentes sociais junto dos diabéticos e suas famílias. Os autores evidenciam ainda que foi o trabalho de vanguarda desta associação que deu origem ao plano de combate à diabetes aquando da formação do Sistema Nacional de Saúde em Portugal depois da Revolução do Cravos, em 1974.
Leia na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos:
A assistência aos diabéticos em Portugal: o papel estruturante da Associação Protetora dos Diabéticos Pobres, 1926-1946, artigo de Ismael Vieira, João Rui Pita e Ana Leonor Pereira (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 31, 2024)