Janeiro/2023
Durante o século XIX, a imprensa teve um papel de destaque nos esforços para que o Brasil adentrasse o mundo das ditas “nações civilizadas”, encarregando-se de instruir o povo por meio da difusão de saberes e conhecimentos técnicos, científicos e artísticos que estariam na base do tão desejado “adiantamento” do país.
No artigo Do cuidado do corpo: imprensa e higiene no Rio de Janeiro oitocentista, Vinicius Cranek Gagliardo, doutor em História pela Unesp/Franca, explicita o discurso pedagógico construído em veículos daquele período.
O autor analisa uma série de prescrições publicadas por jornais e revistas que visavam promover uma profunda mudança na sensibilidade dos leitores em relação a seu corpo, já que a higiene e o cuidado com o corpo passaram a ser considerados fundamentais para o “progresso” social e moral da nação, e o futuro do Brasil dependia de corpos saudáveis, capazes de edificá-lo.
Segundo Gagliardo, a imprensa tornou-se uma ferramenta de formação do povo, procurando moldar uma nova mulher e um novo homem apropriados aos interesses nacionais.
Os jornalistas desempenharam a função de conduzir as condutas da população, formulando um conjunto de normas que tinham por finalidade a produção de novos indivíduos, moldando comportamentos segundo os preceitos da civilização europeia.
No artigo são citadas recomendações como a prática regular dos banhos, a limpeza e clareamento dos dentes, o combate ao mau hálito, os cuidados com os cabelos e barbas e o consumo de uma alimentação adequada. Para as mulheres eram ainda indicados modos de intensificar a beleza, como ruborizar os lábios, branquear a pele e perfumar o corpo.
Leia em HCS-Manguinhos:
Do cuidado do corpo: imprensa e higiene no Rio de Janeiro oitocentista, artigo de Vinicius Cranek Gagliardo (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 29, n. 4, out/dez 2022)