Setembro/2021
Uma reformulação do discurso científico ou um gênero discursivo próprio? Críticas a ambas as abordagens do conceito de divulgação científica permeiam uma análise publicada na atual edição da revista HCS-Manguinhos (v. 28, n. 2, abr/jun 2021). Para os autores do artigo Da reformulação discursiva a uma práxis da cultura científica: reflexões sobre a divulgação científica, as características do discurso de divulgação científica não se equivalem nem a parâmetros de tradução, nem representam um gênero discursivo próprio.
Guilherme da Silva Lima, professor do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto/MG, e Marcelo Giordan, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, afirmam que os modelos tradicionais compreendem a divulgação científica como uma tradução, simplificação, reelaboração ou reformulação do discurso científico para um discurso acessível à população, produzido na esfera midiática. Eles consideram esta abordagem equivocada, porque limitaria a divulgação científica a uma atividade exclusiva da comunicação, extraindo dela as características de referência da cultura científica.
Os autores defendem que a divulgação científica é produzida pela esfera da cultura científica em colaboração com outras esferas de atividades humanas, e deveria ser compreendida como “práxis objetivada por atividades desenvolvidas em meio a diversas esferas de criação ideológica”.
“Em uma análise a partir da cultura científica, teremos a apropriação da comunicação, do jornalismo, da mídia e suas técnicas como ferramentas culturais para a produção da divulgação científica, enquanto o universo de referência, os princípios e os valores continuam sendo próprios da cultura científica”, afirmam.
Para Silva Lima e Giordan, “sejam cientistas, jornalistas, professores ou quaisquer outros agentes, os divulgadores transitam em diferentes esferas de criação ideológica e, após a produção da divulgação científica, são publicamente representantes da cultura científica, pois são responsáveis por ampliar o diálogo entre a cultura científica e diversos públicos.”
Leia em HCS-Manguinhos:
Da reformulação discursiva a uma práxis da cultura científica: reflexões sobre a divulgação científica, artigo de Guilherme da Silva Lima e Marcelo Giordan (HCS-Manguinhos,v. 28, n. 2, abr/jun 2021)
