Junho/2021
Gilberto Gil também é ciência… e a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos também é arte! A primeira edição de 2021 (v. 28, n. 1) traz uma interpretação do álbum Quanta (Warner Music, 1997) a partir da filosofia da linguagem de Bakhtin.
No artigo “Cântico dos cânticos, quântico dos quânticos”: as relações dialógicas entre artes, ciências contemporâneas e saúde no álbum Quanta, de Gilberto Gil, Nathan Willig Lima, professor do departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Andreia Guerra de Moraes, professora do Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), e Abigail Vital de Goes Monteiro, professora do Centro Universitário Geraldo Di Biasi (Volta Redonda, RJ), debruçam-se sobre o que consideram um “complexo e profícuo objeto de estudo, tanto para a filosofia da linguagem e da cultura como para a filosofia da ciência propriamente”.
Inspirados no quadro teórico-metodológico da metalinguística de Mikhail Bakhtin (1895-1975) – pensador russo que refletia sobre a linguagem em suas diversas manifestações da vida social – os pesquisadores analisam os enunciados de Gilberto Gil sobre as ciências contemporâneas. Eles destacam que, já no título, o álbum remete ao conceito da física quântica proposto por Albert Einstein em 1905, e observam que Gil aborda reiteradamente a questão da saúde e da cura, enfatizando as relações entre mente e corpo e entre física, arte e saúde.
“Usualmente, a física é vista como uma área do conhecimento completamente apartada do resto da cultura. Tal visão foi construída historicamente e fortalecida, principalmente, por filosofias positivistas ao longo do século XX. Apesar disso, estudos historiográficos têm mostrado que estudos científicos, por serem parte da cultura, não se divorciam de diferentes esferas da cultura, como filosofia, a arte e até mesmo a religiosidade. Assim, ao invés de pensar ciência e cultura como elementos apartados, devemos pensá-los como redes que se emaranham em um mesmo coletivo”, afirmam os autores.
No artigo, eles estabelecem três eixos de análise: a concepção de ciência no álbum e sua relação com as descrições oferecidas pela sociologia e a filosofia da ciência; a ressignificação dos conceitos de física quântica no gênero do discurso artístico; e a visão de saúde e cura de Gil, em consonância com sua visão sobre ciência e física quântica.
Leia em HCS-Manguinhos:
“Cântico dos cânticos, quântico dos quânticos”: as relações dialógicas entre artes, ciências contemporâneas e saúde no álbum Quanta, de Gilberto Gil, artigo de Nathan Willig Lima, Andreia Guerra de Moraes e Abigail Vital de Goes Monteiro (HCS-Manguinhos, v. 28, n. 1, mar. 2021)