Conde de Villeneuve: diplomacia científico-tecnológica no Segundo Reinado

Maio/2021

Pouco conhecido pela historiografia, o diplomata Julio Constâncio de Villeneuve (1834-1910) – o Conde de Villeneuve – teve um papel importante nas relações internacionais no campo da ciência e tecnologia nos últimos anos do Império do Brasil. Em artigo publicado nesta edição da revista HCS-Manguinhos (v. 28, n. 1, mar. 2021), Leandro Miranda Malavota, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, analisa as motivações e objetivos da diplomacia brasileira nas duas últimas décadas do Segundo Reinado, associando-os às transformações socioeconômicas em curso. 

Detalhe do relatório do Conde de Villeneuve sobre a Exposição Universal de Antuérpia, 1885. Clique para acessar o documento em PDF na Biblioteca Nacional.

Segundo o autor, a atuação de Villeneuve como representante do país em grandes eventos, conferências e foros multilaterais refletiu uma inflexão na política externa brasileira após a Guerra do Paraguai, na qual a ciência e a tecnologia constituíram ferramentas importantes em uma nova estratégia de inserção internacional.

O historiador utilizou como fontes na pesquisa os relatórios escritos por Villeneuve em missões oficiais e documentos administrativos mantidos no Arquivo Histórico do Itamaraty. Baseado em autores como Amado Cervo, Clodoaldo Bueno e Paulo Roberto de Almeida, Malavota argumenta que a política exterior do período buscava uma integração mais ativa do Brasil na ordem internacional, de forma a garantir o seu reconhecimento como herdeiro e partícipe da tradição, valores e luzes ocidentais. 

“Diferentemente de períodos anteriores, as ações da diplomacia brasileira no pós-1870 priorizaram a construção de uma imagem positiva do país no exterior e o reforço de seu prestígio junto às nações ditas “civilizadas”. O que de interessante a investigação aponta é o papel que naquele contexto a ciência e a tecnologia assumiam, sendo apontados no discurso diplomático como fatores de indução do progresso e da conciliação de interesses entre os povos. Para ser aceito como um par entre as grandes nações, era preciso que o Brasil seguisse as trilhas da modernidade, introjetando princípios, representações e padrões de vida típicos à sociedade burguesa, incluindo-se os avanços técnicos e materiais”, explica Malavota.

Leia em HCS-Manguinhos:

Diplomacia científico-tecnológica: a trajetória de Júlio Constâncio de Villeneuve, artigo de Leandro Miranda Malavota (HCS-Manguinhos, v. 28, n. 1, mar. 2021)