Pesquisa explora a trajetória da medicina psicossomática no Brasil através da produção de Danilo Perestrello

Dezembro/2020

“O futuro especialista deveria possuir uma base psicológica.
Antes de ser gastroenterólogo, o médico deveria ser psicólogo”

(Danilo Perestrello, 1958)

Danilo Perestrello

Com raízes históricas na década de 1930 nos Estados Unidos, a medicina psicossomática surgiu no Brasil nos anos 1950, tendo como protagonista o psiquiatra e psicanalista Danilo Perestrello. A abordagem da medicina psicossomática difundida por Perestrello visava humanizar a relação médico-paciente e construir um modelo para o estudo das causas das doenças em que os fatores psíquicos fossem considerados elementos fundamentais.

A proposta de configuração da medicina psicossomática e a análise das estratégias construídas por Perestrello para a formação desse campo disciplinar no Rio de Janeiro são objeto de uma pesquisa coordenada pela psicóloga Carla Ribeiro Guedes em co-autoria com a médica Vanessa Maia Rangel – ambas professoras do departamento de Saúde e Sociedade do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense – e a colaboração do médico Kenneth Rochel de Camargo Jr., professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O estudo está publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, no artigo O movimento da medicina psicossomática no Brasil: a trajetória teórica e institucional de Danilo Perestrello (v. 27, n. 3, jul./set. 2020).

A pesquisa explorou textos de Perestrello publicados em veículos com públicos-alvo e objetivos diversos, como revistas especializadas, livros, periódicos de divulgação e manuais técnicos, de 1941 a 1976, quando parou de produzir por motivos de saúde.

“Ainda que o ambicioso projeto teórico-institucional de Perestrello de transformação da prática médica tenha se dissolvido com seu afastamento profissional por grave doença em 1976, suas críticas ao modelo médico hegemônico ainda estão presentes na atualidade. Suas ideias encontram eco em propostas recentes, como as noções de clínica ampliada, de medicina centrada na pessoa e de humanização em saúde”, afirmam os autores.

Leia em HCS-Manguinhos:

O movimento da medicina psicossomática no Brasil: a trajetória teórica e institucional de Danilo Perestrello, artigo de Carla Ribeiro Guedes, Vanessa Maia Rangel e Kenneth Rochel de Camargo Jr. (v. 27, n. 3, jul./set. 2020).