Medicina e reprodução feminina no Rio de Janeiro do início do século 20 no Encontro às Quintas

Outubro/2020

Com o tema ‘Justiça abortada: medicina, reprodução feminina e a lei no Rio de Janeiro do início do século 20’, a pesquisadora Cassia Roth é a próxima convidada do Encontro às Quintas. Em sua palestra, a professora de História e Estudos da América Latina e do Caribe na Universidade da Geórgia (EUA) examina a vida reprodutiva das mulheres em relação às políticas legais e médicas no Rio de Janeiro do início do século passado. A atividade acontece em 15 de outubro, às 10h, com transmissão ao vivo pelo Facebook da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). 

Após a abolição da escravidão em 1888 e o início da República em 1889, as vidas reprodutivas das mulheres brasileiras – sua capacidade de conceber e criar futuros cidadãos e trabalhadores – tornaram-se críticas para a expansão do novo Estado brasileiro. Analisando processos e inquéritos judiciais, leis, teses e revistas médicas e bioestatística, Cassia Roth sustenta que um Estado brasileiro cada vez mais intervencionista promoveu uma cultura de condenação em torno das práticas reprodutivas de mulheres pobres. 

Cassia Roth fornece uma nova maneira de interpretar as histórias entrelaçadas por questões de gênero, raça, reprodução e Estado, e mostra como esses temas continuam a reverberar nos debates sobre justiça reprodutiva e saúde das mulheres no Brasil hoje. A pesquisadora analisa como o pensamento jurídico e o conhecimento médico se consolidaram na lei e na prática clínica; como obstetras, funcionários da saúde pública e profissionais da área jurídica abordaram o controle da fertilidade; e como as mulheres experimentaram e negociaram suas vidas reprodutivas. 

A historiadora foi bolsista de pós-doutorado Marie Sklodowska-Curie da Universidade de Edimburgo (Escócia), e da Fundação Fulbright, em convênio com a Fiocruz. Ela é autora do livro Um aborto judicial: a vida reprodutiva das mulheres e a lei no Brasil do início do século 20 (Stanford University Press, 2020), no qual analisa a saúde reprodutiva em relação à política legal e médica na então capital federal. A pesquisadora também é autora do artigo ‘Vida e morte no parto: saúde reprodutiva das mulheres no Rio de Janeiro do início do século 20’, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. 

O Encontro às Quintas é um fórum de debate acadêmico realizado pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, que visa promover discussões sobre projetos de pesquisa em andamento ou finalizados. 

Encontro às Quintas 

Convidada: Cassia Roth 

Tema: Justiça abortada: medicina, reprodução feminina e a lei no Rio de Janeiro do início do século 20 

Data: 15 de outubro | Horário: 10h 

Transmissão ao vivo pelo Facebook da Casa de Oswaldo Cruz: facebook.com/casadeoswaldocruz 

Coordenação: Tânia Salgado Pimenta 

Fonte: Casa de Oswaldo Cruz

Leia no Blog de HCS-Manguinhos:

Saúde reprodutiva, triste realidade
Cassia Roth, da Universidade da California em Los Angeles, relaciona as políticas voltadas para a reprodução no Brasil há um século e a situação atual

Trajetórias de pesquisadoras com foco em humanização do parto são analisadas em pesquisa qualitativa
Embasadas no referencial teórico foucaultiano, Ana Maria Bourguignon e Marcia Grisotti buscaram identificar as posições ocupadas pelas pesquisadoras no discurso em prol da humanização do parto

Você sabe o que é violência obstétrica?
Termo ora vetado pelo Ministério da Saúde foi tema do Blog da Saúde, do próprio ministério, em 2017, quando foi entrevistada Ana Catarine Carneiro, assessora técnica da Saúde da Mulher do ministério.

HCS-Manguinhos traz dossiês sobre parto e mortalidade infantil
Acesse a edição completa

Biomedicalização de corpos brasileiros
Edição de HCS-Manguinhos aborda diagnósticos, tratamentos e práticas que transformam vidas, sobretudo de mulheres

Casa de Parto David Capistrano Filho: educação e acolhimento
Entre 2005 e 2017, a fotografa Adriana Medeiros registrou o dia-a-dia do local em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro

Leia em HCS-Manguinhos:

A Casa de Parto David Capistrano Filho pelas lentes de uma fotógrafa, artigo de Adriana Medeiros (v.25, n.4, out./dez. 2018)

A casa de parto como local de nascimento: contextualização da casa de parto do Rio de Janeiro, artigo de Ilana Löwy (v.25, n.4, out./dez. 2018)

Dossiê Parto, Nascimento e Mortalidade Infantil (v.25, n.4, out./dez. 2018)

Dossiê Parto e nascimento: saberes, re­flexões e diferentes perspectivas (n. 4, v. 25, dez 2018)

A dinâmica hospitalar da Maternidade Dr. João Moreira, em Fortaleza, nas primeiras décadas do século XXMedeiros, Aline da Silva (set 2013, vol.20, no.3)

Reprodução, sexualidade e poder:as lutas e disputas em torno do aborto e da contracepção no Rio de Janeiro, 1890-1930, Silva, Marinete dos Santos (dez 2012, vol.19, no.4)

‘Barrigão à mostra’: vicissitudes e valorização do corpo reprodutivo na construção das imagens da gravidez, Vargas, Eliane Portes (mar 2012, vol.19, no.1)

Direitos femininos no Brasil: um enfoque na saúde maternaLeite, Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres and Paes, Neir Antunes (set 2009, vol.16, no.3)