Conhecimento transnacional na Guerra Fria em debate em HCS-Manguinhos

Abril/2019

César Guerra Chevrand (COC/Fiocruz)

Capa da edição (v.26 n.1 jan/mar 2019). Clique para acessar

O conhecimento transnacional durante a Guerra Fria é o tema do dossiê que a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos apresenta em sua primeira edição de 2019 (vol.26, n.1, jan./mar. 2019).

Para abrir o ano em que o periódico científico da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) celebra seu aniversário de 25 anos, a equipe editorial da HCS-Manguinhos também selecionou outros dez artigos, sobre os mais variados temas, que estruturaram o número 1 do volume 26 (janeiro a março) da revista. As seções Fontes, Depoimento, Nota de Pesquisa e Livros & Redes complementam a edição.

Na Carta dos Editores, os pesquisadores Marcos Cueto e André Felipe Cândido da Silva manifestam a satisfação de celebrar os 25 anos de circulação ininterrupta da revista em 2019.  De acordo com os editores-científicos da HCS-Manguinhos, a “comemoração servirá de ocasião para nos reunirmos com editores de revistas de história, nacionais e estrangeiras, para debatermos as principais questões relativas à publicação científica na área, principalmente os debates em torno do acesso aberto”. Eles também preparam a nova composição do corpo editorial que coordenará a revista no quadriênio 2019-2022. O anúncio será realizado na próxima edição.

Análise

Dez artigos de abordagens e temas variados fazem parte deste número da História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Estão na pauta desta edição os preceitos higienistas na constituição da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores; o saneamento no campo da saúde coletiva; os métodos de preparação para o parto no Brasil em meados do século 20; a astronomia no Império brasileiro; a curadoria de jovens em uma exposição de microbiologia; o estigma social e internalizado de pessoas com transtorno mental; a dramaturgia dos peritos na ciência regulatória brasileira; a releitura da canção de Humberto Teixeira; a trajetória de Lydia das Dôres Matta e a enfermagem brasileira pós-1930; e as representações, discursos e práticas sobre a epidemia de cólera na Argentina, entre 1886 e 1887.

Dossiê

Na apresentação do dossiê Conhecimento transnacional durante a Guerra Fria: o caso das ciências da vida e das ciências médicas, a professora do Departamento de Biologia Evolucionária, da Universidad Nacional Autónoma de Mexico, Ana Barahona explica a perspectiva recente na história das ciências de se escrever narrativas transnacionais baseadas no tratamento recíproco dos contextos globais e locais. “Os artigos neste dossiê compartilham a mesma linha de estudo, ao considerar a Guerra Fria como um fenômeno global e plural que moldou as condições e decisões internacionais, nacionais e locais do trabalho científico em meio à rivalidade entre os EUA e a URSS”.

Na seção Análise do Dossiê, quatro artigos abordam o conhecimento biomédico no México durante a Guerra Fria e seu impacto nas representações pictóricas do Homo sapiens e das hierarquias raciais; a cariotipagem e a genética populacional durante a Guerra Fria no México: caracterização de Armendares e Lisker das populações infantil e indígena; o conhecimento circulante entre a Itália e a Espanha durante o regime de Franco: a construção de contadores de radioatividade; e a evolução das populações tropicais de Theodosius Dobzhansky e a ciência e a política da variação genética.

Fontes, Depoimento e Nota de Pesquisa

Na seção Fontes, a vice-diretora de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Casa de Oswaldo Cruz, Nercilene Santos da Silva Monteiro, discute a democratização da informação para o desenvolvimento do conhecimento, a partir da ampliação do acesso ao acervo documental das ciências e da saúde na Fiocruz. Em Depoimento, os pesquisadores Claudia Bonan, Andreza Rodrigues Nakano e Luiz Antônio Teixeira investigam os percursos do parto nas políticas de saúde no Brasil, por meio de entrevistas com Maria do Carmo Leal e Marcos Dias. Na seção Nota de Pesquisa, o professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Alex Gonçalves Varela debateu a trajetória do médico Joaquim Monteiro Caminhoá, no Império do Brasil, entre 1858 e 1896.

Livros & Redes

Cinco resenhas compõem a seção Livros & Redes do número 1 do volume 26 do periódico científico da Casa de Oswaldo Cruz. O reino do encruzo: história e memória das práticas de pajelança no Maranhão (1946-1988), de Raimundo Inácio Souza Araújo, é alvo da análise de Iranilson Buriti de Oliveira. Dirce Maria Santin apresenta trabalho sobre El estado de la ciencia: principales indicadores de ciencia y tecnología iberoamericanas / interamericanas 2017, de RICYT (Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología – Iberoamericana e Interamericana). O livro Chronic disease in the twentieth century: a history, de George Weisz, é o tema da resenha de Luiz Alves Araújo Neto. Rodolfo Luís Leite Batista debate o livro Um papel para a história: o problema da historicidade da ciência, de Mauro Lúcio Leitão Condé. Por fim, Ricardo Waizbort resenha o livro de Maurício Vieira Martins, Marx, Espinosa e Darwin: pensadores da imanência.

Acesse o sumário da edição

Arte de Fernando Vasconcelos que representa a genética sobre foto de Theodosius Dobzhansky. Ao lado, desenho de mestiço retirado de mural de Diego Rivera no Palácio Nacional do México e, no pano de fundo, retrato de moça sobre representações raciais no México da Guerra Fria. Na contracapa, foto do general Franco e desenhos de aviões de guerra americanos.