Junho/2018
As correspondências numa caixa descoberta no acervo de Milton Santos revelam as suas relações sociais e como editor científico durante o exílio. Trocadas entre 1982 a 1985, as cartas foram estudadas pelo professor Breno Viotto Pedrosa, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu, e são o tema do artigo O périplo do exílio de Milton Santos e a formação de sua rede de cooperação, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol.25, n.2, abr./jun. 2018).
Milton Santos (1926-2001) foi um dos mais relevantes geógrafos contemporâneos, tendo sua obra reconhecida em vários países. A pesquisa analisa um período de sua trajetória pouco explorada, o exílio após 1964, situação em que passou por vários países, trabalhando em importantes universidades na França, EUA e Tanzânia.
A pesquisa de Viotto Pedrosa inicialmente pretendia averiguar o interesse de Milton Santos na teoria dos polos de desenvolvimento. Contudo, na visita ao acervo, depositado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, foram encontradas as cartas, documentos ainda parcamente analisados.
A correspondência demonstra o diálogo com figuras relevantes da geografia francesa e estadunidense, como Richard Peet, Neil Smith e Yves Lacoste, representantes da chamada geografia crítica, que buscava inserir o marxismo, o anarquismo e as temáticas vinculadas às lutas sociais no campo da geografia. Com suas trocas, promoviam debates transnacionais, envolvendo temas e questões que mobilizavam intelectuais de vários países.
“Na contramão do que comumente vem sendo produzido sobre esse autor, ao invés de uma abordagem internalista, que enfoca o desenvolvimento das ideias através das obras, optamos pelo enfoque externalista, que conjuga a história do autor, o contexto da época e suas relações sócio-profissionais, aferindo como tais variáveis influenciam sua obra”, afirma o autor da pesquisa.
Reconhecido no exterior como expert sobre o terceiro-mundo, ao retornar ao Brasil, em 1978, Milton Santos torna-se figura propulsora da geografia crítica devido às obras impactantes que publica, aos lugares que visitou e aos contatos que estabeleceu.
Leia em HCS-Manguinhos:
O périplo do exílio de Milton Santos e a formação de sua rede de cooperação, artigo de Breno Viotto Pedrosa (vol.25, n.2, abr./jun. 2018).
Como citar este post:
As cartas de Milton Santos. Blog da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 2018. Publicado em 26 de junho de 2018. Acesso em 26 de junho de 2018. Disponível em www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/as-cartas-de-milton-santos