Janeiro/2018
A Revista Brasileira de História, da Associação Nacional de História (Anpuh), abriu chamadas de artigos e espera receber colaborações inéditas, resultantes de pesquisas originais, nos seguintes temas e prazos:
1 – História dos arquivos e da arquivologia (prazo: 22 de janeiro de 2018)
Organização: Renato Pinto Venancio (ECI-UFMG)
As pesquisas sobre a história dos arquivos e da arquivologia são pouco desenvolvidas no Brasil. Há muito ainda a ser explorado. Como se organizavam, na Época Moderna, os arquivos no reino português, principalmente aqueles que também exerciam funções de controle no ultramar? Como se organizavam e se organizam atualmente os arquivos civis e religiosos, locais e regionais? Quais foram os modelos e as adaptações necessárias no processo de constituição do Arquivo Nacional do Brasil? Como ocorreu a formação da arquivologia no Brasil, enquanto área de conhecimento científico e conjunto de procedimentos técnicos de gestão documental? Quais foram as primeiras iniciativas de educação patrimonial em arquivos e quais são seus atuais desafios? Uma história dos serviços arquivísticos e de suas funções (produção, classificação, avaliação, aquisição, conservação, descrição e difusão) é possível? Quais são os riscos atuais de destruição dos arquivos brasileiros? Quais foram e quais são os usos abusivos da microfilmagem e da digitalização? Enfim, quais são os dilemas da arquivologia brasileira no tempo presente?
Este dossiê se propõe a responder essas perguntas. Trata-se, sem dúvida, de um grande desafio. Entretanto, torna-se necessário enfrentá-lo imediatamente, uma vez que as instituições arquivísticas e o patrimônio documental brasileiro estão ameaçados pela não preservação dos documentos nato-digitais ou por uma compreensão equivocada da reformatação digital dos documentos gerados em suportes tradicionais.
2 – Por escravos e libertos (prazo: 05 de março de 2018)
Organização: Silvia Hunold Lara (Unicamp)
Os estudos sobre a escravidão e a liberdade floresceram nas últimas décadas e há um grande volume de pesquisas sobre o comércio de cativos, as relações entre senhores e escravos, as formas de alforria, a religiosidade, os dilemas do pós-abolição, entre outros temas relevantes. Mas ainda sabemos pouco sobre o que escravos e libertos pensavam a respeito da escravidão e da liberdade e como enfrentavam os desafios que ambas lhes impunham. Como índios, africanos e seus descendentes escravizados e submetidos a outras formas de trabalho compulsório percebiam o mundo em que viviam? A partir de quais valores e ideias agiam para modificar suas vidas e as de seus familiares e companheiros? O que significava ser escravo, forro, aldeado ou administrado? Como agiam os que buscavam a liberdade? Quais os perigos enfrentados quando obtinham a alforria ou passavam a viver como livres? Quais os significados do cativeiro ou da liberdade para eles?
Este dossiê se propõe a enfrentar o desafio de responder a essas perguntas e, ao mesmo tempo, discutir questões teóricas e metodológicas envolvidas na abordagem da história da escravidão e da liberdade no Brasil do ponto de vista dos escravos e dos libertos.
3 – Rios e sociedades (prazo: 30 de junho de 2018)
Organização: José Augusto Pádua (UFRJ) e Rafael Chambouleyron (UFPA)
O território brasileiro veio sendo construído em um espaço marcado por enormes e complexas redes de milhares de rios agrupados em doze grandes bacias hidrográficas. A vida social aqui existente, em toda a sua diversidade geográfica, econômica e cultural, interagiu de maneira acentuada com esse movimento incessante das águas, seja em termos de mobilidade, de processos de territorialização, de práticas culturais ou de dinâmicas de exploração econômica. Os rios também estiveram muito presentes nos conflitos armados e nas disputas por domínio político, assim como na própria construção objetiva do estado nacional e de suas instituições.
Amazonas, São Francisco, Paraná e Tietê, entre tantos outros rios, se tornaram ícones no imaginário do Brasil. A interação com os rios, que já era essencial para as sociedades indígenas, tornou-se um aspecto muitas vezes inescapável da vida concreta das sociedades na América portuguesa e no Brasil enquanto país, inclusive nos espaços litorâneos. Mas quanto de fato os historiadores se debruçaram sobre a história das intricadas relações entre rios e populações na história do Brasil? Talvez, uma historiografia muito centrada no litoral e na sua oposição ao sertão, como matriz fundante de uma ideia de nação (notadamente, a partir de finais do século XIX), tenha subestimado essa temática. O objetivo deste dossiê é o de apresentar pesquisas inéditas sobre a presença dos rios na história do Brasil. Aceitam-se trabalhos que abordem quaisquer aspectos das interações históricas entre rios e sociedades, sejam ambientais, socioeconômicos, culturais etc. Desejamos assim incentivar um debate mais profundo e complexo sobre o papel das dinâmicas fluviais na compreensão do passado. Apesar de centrar-se no caso brasileiro, o dossiê também aceitará contribuições que abordem outros contextos geográficos.
4 – Fronteiras amazônicas (prazo: 23 de novembro de 2018)
Organização: Gabriel Becerra (Universidad Nacional de Colombia) e Sidney Lobato (Unifap)
A Amazônia é uma região cuja área abrange vários países da América do Sul e abriga diferentes territorialidades e modos de vida. Sua história foi marcada por conflitos, incompreensões e negociações em torno do uso e do significado da terra. Experiências protagonizadas por colonizadores europeus, povos indígenas, quilombolas, migrantes, grandes projetos de exploração agro-mineral e outros, que conformaram fronteiras cada vez mais estudadas pelos historiadores. O objetivo deste dossiê é, portanto, reunir estudos sobre experiências fronteiriças amazônicas (adstritas ou não aos marcos delimitadores dos territórios nacionais) para possibilitar o alargamento de nossa compreensão das várias formas de construção social do espaço existentes na Amazônia ao longo do tempo.
A Revista Brasileira de História também recebe resenhas de livros com as temáticas dos dossiês nos mesmos prazos e condições acima.
Os interessados devem submeter seus manuscritos por meio do site http://www.scielo.br/rbh. Os textos devem obedecer rigorosamente as normas para publicação, disponíveis em http://www.scielo.br/revistas/rbh/pinstruc.htm.
Fonte: Informativo Eletrônico da Anpuh