Freud e os chilenos

Dezembro/2017

A partir de 1910, as ideias de Sigmund Freud começaram a circular no Chile, vindas da Europa. O processo de circulação e apropriação do freudismo no país é descrito no livro Freud y los chilenos: un viaje transnacional, 1910-1949, de Mariano Ruperthuz Honorato (editora Pólvora, 2015), que demonstra como se constituíram diferentes espaços para ele, articulado às demais instâncias produtoras de significação no espaço social e ao processo de modernização da sociedade.

De acordo com a professora Cristiana Facchinetti, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, em resenha publicada no atual suplemento de HCS-Manguinhos, todo dedicado às culturas psi, este período é conhecido por muitos historiadores como uma pré-história da psicanálise na América Latina, quando alguns “pioneiros” teriam tentado aplicá-la nos seus países e buscado difundi-la sem grande sucesso junto a seus pares. Já o processo demonstrado por Ruperthuz apresenta, segundo Facchinetti, o paulatino processo de psicologização e de psicanalização da sociedade chilena ao longo do século XX e também de esquecimento deste processo, com um silenciamento produzido a partir do processo de institucionalização da psicanálise chilena aos moldes da International Psychoanalytical Association (IPA), como também ocorreu em outros países latino-americanos.

“Para demonstrar tal processo, Ruperthuz organizou uma obra que demonstra diferentes núcleos interpretativos para a psicanálise no Chile, o que permite ao leitor obter certa leitura de um processo difuso de legitimação dos valores oriundos desse saber em uma sociedade que se tornava cada vez mais complexa. Com o objetivo de apresentar esses núcleos para o leitor, o livro está dividido em seis capítulos, que tratam de diferentes aspectos dessa apropriação”, conta a professora. Leia em HCS-Manguinhos: Sobre a circulação transnacional da psicanálise: o caso do Chile, resenha de Cristiana Facchinetti para o livro Freud y los chilenos: un viaje transnacional, 1910-1949, de Mariano Ruperthuz Honorato (Santiago, Pólvora, 2015) Acesse o sumário do suplemento ‘Culturas psi”