O desmatamento no Mato Grosso já era uma preocupação ambiental há cerca de 140 anos. Em seu livro Viagem ao Redor do Brasil – 1875-1878, publicado em dois volumes em 1880 e 1881, o médico e coronel João Severiano da Fonseca denunciava a desflorestação nas margens do rio Paraguai para uso como combustível e cobrava medidas do governo mato-grossense. Para Fonseca, a então província de Mato Grosso, que na década de 1870 compreendia aproximadamente os atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, poderia fazer um melhor aproveitamento dos recursos naturais pela exportação de matérias-primas e pela promoção da industrialização da região.
Em artigo nesta edição de HCS-Manguinhos, os professores Mário Roberto Ferraro, da Universidade Estadual de Goiás, e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa, da Unicamp, estabelecem uma interface entre história ambiental e história das ciências ao abordar a produção científica gerada pela Comissão de Demarcação de Limites das Fronteiras do Império com a Bolívia a respeito da devastação relatada na obra de Fonseca. Para o médico do Exército, queimar madeiras nobres nas caldeiras dos navios era desperdício econômico, pois elas, num futuro distante, poderiam contribuir com o desenvolvimento industrial da província.
Leia em HCS-Manguinhos:
A desflorestação no Mato Grosso no livro Viagem ao redor do Brasil 1875-1878, do médico João Severiano da Fonseca, artigo de Mário Roberto Ferraro e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa (vol.24, no.2, abr./jun. 2017)