Viagem científica do naturalista Saint Hilaire ao Brasil é tema do próximo Encontro às Quintas

Abril/2017

Como o francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) se tornou um naturalista e decidiu empreender uma viagem científica ao Brasil? Esses questionamentos nortearão a apresentação da historiadora Lorelai Brilhante Kury neste Encontro às Quintas. A inserção social e cultural do naturalista – mostrará a pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) – foi determinante para que ele se distinguisse dos coletores não qualificados. Doutora em História pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS, na sigla em francês), Lorelai aponta que a adoção do método natural do botânico Antoine Laurent de Jussieu (1748-1836) e da botânica filosófica por Saint-Hilaire o situava em um estrato superior da atividade científica, em oposição ao tipo de botânica praticada por amadores e veiculada em obras de divulgação. A vinda para o Brasil não estava prevista no início da carreira de Saint-Hilaire e não era um caminho natural. Ao contrário, para que a viagem fosse útil para as instituições francesas, foi necessário realizar o envio de coleções bem preparadas e de informações fiáveis. Para seu benefício como naturalista, Saint-Hilaire teve que articular uma série de apoios tendo em vista garantir os desdobramentos posteriores a seu retorno, como o uso de seu herbário e a publicação de memórias científicas. Lorelai Kury atua como professora do Programa de História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz e do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Autora dos livros Representações da fauna no Brasil, séculos XVI-XX e Usos e circulação das plantas no Brasil, a pesquisadora publicou uma série de artigos, sendo o mais recente O naturalista Veloso, na Revista de História da USP, e organizou diversas obras. Encontro às Quintas Convidada: historiadora e pesquisadora Lorelai Brilhante Kury (COC/Fiocruz e Uerj) Tema: “Viagem científica do naturalista Saint Hilaire ao Brasil” Data: 27 de abril Horário: 10 horas Local: Expansão da Fiocruz – Av. Brasil, 4036 (sala 401) – Manguinhos Fonte: Casa de Oswaldo Cruz Leia em HCS-Manguinhos: Suplemento Ciência e Viagens2001 O descanso dos naturalistas: uma análise de cenas na iconografia oitocentista, Antunes, Anderson Pereira; Moreira, Ildeu de Castro; Massarani, Luisa Medeiros (vol.22, no.3 , jul./set. 2015) O Brasil no relato de viagens do comandante Robert FitzRoy do HMS Beagle, 1828-1839 – Artigo de Gabriel Passetti (vol.21, n.3, set 2014) Joséphine Schouteden-Wéry no litoral belga: uma bióloga entre o trabalho de campo e a formação de coleções, artigo de Alda Heizer e Aline Cardoso Cerqueira (vol.21 no.3 Ago/set. 2014) O inventário das curiosidades botânicas da Nouvelle France de Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1744). Kobelinski, Michel.  Mar 2013, vol.20, no.1 A natureza e a cultura no compasso de um naturalista do século XIX: Wallace e a Amazônia, artigo de José Jerônimo de Alencar Alves (vol.18, no.3, set 2011) Narrativas e imagens dos viajantes alemães no Brasil do século XIX: a construção do imaginário sobre os povos indígenas, a história e a nação, artigo de Ana Luisa Fayet Sallas (vol.17 no.2 abr./jun. 2010) Antônio Moniz de Souza, o ‘Homem da Natureza Brasileira’: ciência e plantas medicinais no início do século XIX. Santos, Laura Carvalho dos.  Dez 2008, vol.15, no.4 Notícias sobre uma expedição: Jean Massart e a missão biológica belga ao Brasil, 1922-1923, artigo de Alda Heizer  (vol.15 no.3 jul/set. 2008) Um caminho para a ciência: a trajetória da botânica Leda Dau, Azevedo, Nara, Cortes, Bianca Antunes and Sá, Magali Romero . 2008, vol.15 Conciliar o útil ao agradável e fazer ciência: Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808 a 1860. Bediaga, Begonha. Dez 2007, vol.14, no.4 O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda metade do século XIX. Sá, Magali Romero. 2001, vol.8 Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem, artigo de Lorelai Kury, (vol.8, 2001) Memórias partilhadas: os relatos dos viajantes oitocentistas e a idéia de “civilização do cacau”,artigo de Lucia Maria Paschoal Guimarães (vol.8, 2001) História e natureza em von Martius: esquadrinhando o Brasil para construir a nação, artigo de Manoel Luiz Salgado Guimarães (vol.7, no.2, out 2000) Richard Spruce, botânico e desbravador da América do Sul. Seaward, Mark R. D.  Out 2000, vol.7, no.2 Naturalistas viajantes, artigo de Miriam L. Moreira Leite (vol.1, no.2, fev 1995) Leia mais: O fascínio pela natureza Em 1817, Auguste Saint-Hilaire admirou-se com o Palácio em Mariana, fiel aos padrões europeus – obra de um bispo português ilustrado, conta o historiador Moacir Rodrigo de Castro Maia em artigo na Revista de História da Biblioteca Nacional (junho/2014)