Outubro/2016
Carolina Valadares | Agência Saúde
No Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1º de outubro, o Ministério da Saúde faz um alerta: o envelhecimento saudável é essencial para manter a capacidade funcional do indivíduo e permitir o bem-estar em idade avançada. Por isso, o Ministério propõe um conjunto de ações que abrange desde o estímulo à prática de exercícios físicos e alimentação saudável até o reforço na atenção básica, com a oferta de vacinas, caderneta do idoso e identificação precoce de doenças como hipertensão e diabetes.
O Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Atualmente, a proporção de pessoas idosas no país alcançou 13,7% da população geral, ou seja, 27,8 milhões de pessoas. Nesse grupo, o que mais expressivamente cresce é os idosos longevos, que vivem 80 anos ou mais. De acordo com as estimativas, em 2030, o número de brasileiros com 60 anos ou mais ultrapassará o de crianças de 0 a 14 anos de idade.
Análise realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), mostra que um em cada três idosos brasileiros apresentava alguma limitação funcional. Destes, 80%, cerca de 6,5 milhões de idosos, conta com ajuda de familiares para realizar alguma atividade do cotidiano, como fazer compras e vestir-se, mas 360 mil não possuem esse apoio. “Os números dão a dimensão do desafio a ser enfrentado pela sociedade brasileira para garantir o cuidado de longa duração aos idosos com limitações funcionais”, explica Cristina Hoffmann.
O envelhecimento saudável é muito mais que a ausência de doença. “A perda das condições físicas e mentais impossibilita o idoso a realizar atividades do seu cotidiano causando sofrimento, tanto para ele quanto para a família”, alerta a coordenadora de saúde do idoso, Cristina Hoffmann.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde tem priorizado ações que fortalecem a organização de serviços de atenção investindo na promoção da saúde, no acesso a serviços e na qualificação de profissionais. Entre as atividades, está a implementação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que permite conhecer as necessidades de saúde dessa população atendida na atenção básica. Por meio da Caderneta, é possível identificar o comprometimento da capacidade funcional, condições de saúde, hábitos de vida, vulnerabilidades, além de ofertar orientações para o seu autocuidado. Já foram distribuídos mais de um milhão de exemplares e o documento está disponível no site do ministério (Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa).
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL – As doenças crônicas não transmissíveis, como são chamados, por exemplo, o infarto, AVC, diabetes e hipertensão, responde por 72% das mortes no Brasil. A má alimentação, o sedentarismo, o consumo de cigarro e álcool colabora para o aparecimento destas enfermidades e exigem formas de organização do sistema para promover o cuidado e a prevenção.
Nesse contexto, o ministério implantou o Plano Nacional de Doenças Crônicas, que reúne ações mais específicas para ampliar a longevidade com melhoraria da qualidade de vida. Uma delas é o incentivo à alimentação saudável. Além de orientação na atenção básica, o Ministério lançou em 2014 o Guia Alimentar para a População Brasileira que relata os cuidados e caminhos para alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. Em 2015, para complementar a ação, foi lançada a publicação Alimentos Regionais Brasileiros, que divulga a variedade de alimentos no país e orienta as práticas culinárias.
Ainda sobre alimentação e nutrição, a pasta lançou o Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados com a meta de tirar 28.562 toneladas de sódio dos alimentos processados até 2020. Até o momento, mais de 7 mil toneladas de alimentos já foram retiradas das gôndolas dos supermercados. A ação reduziria em 15% os óbitos por AVC e 10% por infarto.
ATIVIDADE FÍSICA – O Programa Academia da Saúde são espaços públicos com infraestrutura e equipamentos adequados; e profissionais qualificados para promover práticas corporais e atividade física, promoção da alimentação saudável e educação em saúde. Atualmente existem 1.165 polos em todos os estados brasileiros.
VACINAÇÃO – O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), oferece pelo calendário nacional de vacinação cinco tipos de vacinas para a população idosa: Hepatite B, Febre Amarela, dT (difteria e tétano), Influenza e Pneumocócica 23. A pneumocócica 23, que protege contra pneumonia, é ofertada para pessoas de 60 anos e mais que vivem em instituições fechadas, como casas geriátricas, hospitais, asilos e casas de repouso.
Já a influenza, é ofertada por campanhas anuais para grupos prioritários no qual se enquadram pessoas com 60 anos ou mais de idade. Em 2016, o percentual de cobertura de vacinação de idosos estava em 97% quando foram aplicadas 20 milhões de doses. Em 2011, o percentual de cobertura era de 84%. As outras três vacinas são ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação do SUS para toda a população idosa e estão disponíveis durante todo o ano em mais de 36 mil salas de vacinação do país.
ATENÇÃO DOMICILIAR – Indicado para pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas de sair do espaço da casa para chegar até uma unidade de saúde, o Programa Melhor em Casa, proporciona o atendimento em casa com equipes multidisciplinares, formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta ou assistente social. Cerca de 70% dos atendimentos do Melhor em Casa é de idosos, o que corresponde a cerca de 86.800 pessoas.
OFERTA DE MEDICAMENTOS – Por meio do Programa Farmácia Popular, o Ministério da Saúde disponibiliza medicamentos de forma gratuita para hipertensão e diabetes que atende principalmente a população idosa. Além disso, o programa oferece mais 11 itens, entre medicamentos e a fralda geriátrica, com preços até 90% mais baratos. O Governo Federal investiu nos últimos dez anos R$ 10,4 bilhões para ampliar o Programa, saltando de um orçamento de R$ 34,7 milhões, em 2006, para R$ 2,8 bilhões no ano passado.
CAPACITAÇÃO – Elaborado em parceria com a Universidade Aberta do SUS (UNASUS), o Programa de Qualificação em Saúde da Pessoa Idosa, já capacitou 2.083 profissionais e tem 13.333 inscritos. Atualmente está em andamento um curso de aperfeiçoamento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa a distância, voltado para profissionais que atuam no SUS. Já foram formadas mais de 1.500 pessoas. Além disso, são realizadas oficinas em parceria com os gestores locais. No período de 2012 a 2016, já foram realizadas 17 oficinas de prevenção de quedas, em que foram capacitados 1.979 profissionais.
Também foram distribuídos em 2014 e 2015, mais de 17 mil exemplares do Guia Prático do Cuidador, mais de 6 mil Estatuto do Idoso; 6 mil folderes Diretrizes para o cuidado das Pessoas Idosas no SUS: Proposta de Modelo de Atenção Integral e mais de 45 mil encartes Dicas importantes para envelhecer com saúde.
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Leia em História, Ciências, Saúde – Manguinhos:
Medicina antienvelhecimento: notas sobre uma controvérsia sociotécnica, artigo de Antônio Nogueira Leitão (vol. 21, n. 4, out/dez 2014)
Da velhice à terceira idade: o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento, artigo de Luna Rodrigues Freitas Silva (vol.15 no.1 jan/mar 2008)
A velhice, entre o normal e o patológico, artigo de Daniel Groisman (vol.9 no.1 jan/apr 2002)
País jovem com cabelos branco: a saúde do idoso no Brasil, artigo de Kenneth R. de Camargo Jr. (vol.2 no.1 Mar/Jun 1995)