Julho/2016
Há séculos o desafio de escrever manuais que expliquem as tecnologias de maneira compreensível ocupa a comunidade científica. A preocupação de elaborar, traduzir e publicar livros sintetizando as discussões de cada área do saber vem desde o século XVII, e intensificou-se no iluminismo. Era preciso criar uma forma didática e sucinta de explicação do conhecimento por meio da “ordem sistemática, que apresenta o muito em pouco, e que prende as ideias”, segundo Vicente Coelho de Seabra, em Elementos de química oferecidos à Sociedade Literária do Rio de Janeiro, de 1788. No artigo “Entre imagens e textos: os manuais como práxis de saber“, publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (volume 23, n.2, abr./jun. 2016), as professoras Iara Lis Schiavinatto, do Instituto de Artes da Unicamp, e Ermelinda Moutinho Pataca, da Faculdade de Educação da USP, abordam uma série de “manuais de saber” escritos durante o iluminismo em Portugal entre 1720 e 1800 e de ampla circulação no mundo luso-brasileiro. “Esse tipo de escrita se pretendia, por princípio, universal, tendo formas específicas de comunicação. A escolha dos manuais ou tratados se deu pelo fato de eles apresentarem com clareza os conceitos elaborados no período, a forte associação entre a teoria e a prática, esclarecendo tanto os aspectos epistemológicos quanto as técnicas e a aplicação tecnológica, utilizadas e valorizadas nas políticas no mundo colonial”, explicam as autoras. A intensificação no uso de imagens mostra o forte caráter de instrução, característico do ideário iluminista. Representações imagéticas apresentavam novos instrumentos, aparelhos e montagens associados à experimentação química, como o “Aparelho pneumatoquímico com balão” – montagem experimental sobre combustão com oxigênio (Seabra, 1788) – reproduzido acima. Leia em HCS-Manguinhos: Entre imagens e textos: os manuais como práxis de saber, artigo de Iara Lis Schiavinatto e Ermelinda Moutinho Pataca (volume 23, n.2, abr./jun. 2016) Leia no Blog de HCS-Manguinhos: Aparelho obsoleto, história viva Artigo em HCS-Manguinhos aborda a experiência do Museu da Saúde, em Lisboa, que tem espaços físicos e virtuais para a divulgação do seu acervo O astrolábio e a arte de navegar Heloisa Meireles Gesteira explora livro do cosmógrafo-mor do reino de dom João V, Manuel Serrão Pimentel. Como citar este post [ISO 690/2010]: ‘Manuais de saber’ do iluminismo português. Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. [viewed 13 July 2016]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/manuais-de-saber-do-iluminismo-portugues/