Maio/2013
Guilherme Freitas | O Globo Centenas de livrarias abriram e fecharam as portas no Rio desde o século XVIII, quando os primeiros negociantes portugueses perceberam que havia, na nova capital brasileira, um público crescente para aquele objeto que Monteiro Lobato dizia ser difícil de vender pois “não interessa nem ao nosso estômago nem à nossa vaidade”. Mais que estabelecimentos comerciais, elas foram testemunhas, protagonistas ou vítimas de momentos cruciais da história da cidade, palco da vida literária, termômetro de expansões e crises econômicas, central de intrigas e debate político da Independência à ditadura. Elas são as personagens centrais de “História das livrarias cariocas” (Edusp), estudo de amplitude inédita do jornalista Ubiratan Machado, que funciona a um só tempo como crônica de três séculos e meio do Rio, compilação inestimável de dados e casos pitorescos do mercado livreiro, e tributo à “esperança e capacidade de sonhar de um grande número de profissionais que, com ou sem sucesso, contribuem para a circulação do livro na cidade”. Fruto de 13 anos de pesquisa, a obra repassa em mais de 500 páginas a trajetória de 660 livrarias, de nomes gravados na história cultural do país — Paula Brito, Laemmert, Garnier, Francisco Alves, Kosmos, São José, José Olympio, Civilização Brasileira, Leonardo da Vinci — a casas de vida breve ou resistentes insuspeitos, como a Real Engenho, único sebo de Realengo, e a Livraria Che, há 20 anos um bastião do marxismo no Andaraí. Organizado cronologicamente, o estudo começa com estabelecimentos onde o livro era só mais um produto em meio a porcelana, chá, bilhetes de loteria e itens insólitos como “uma boa parelha de mulas” ou “o que mais se precisar para celebrar missa”, e chega até 2010, discutindo o avanço das grandes redes, como Travessa, Saraiva e Cultura, a influência da internet e a criatividade de sebos como Berinjela e Baratos da Ribeiro. Leia a reportagem completa no O Globo