Janeiro/2016
Principal expressão atual do ativismo hacker, a rede Anonymous configura-se como uma forma de resistência política às chamadas sociedades de controle. Um estudo de caso sobre o Anonymous no Brasil abre o suplemento de HCS-Manguinhos dedicado ao ciberativismo (vol.22, dez. 2015). No artigo Entre o controle e o ativismo hacker: a ação política dos Anonymous Brasil, o jornalista Murilo Bansi Machado apresenta a sua pesquisa de mestrado, que combinou observação direta e pesquisa primária – documentação, pesquisa bibliográfica e entrevistas com 22 indivíduos, a maioria hackers. O objetivo foi esboçar uma caracterização inicial da ação política dessa rede, cujo mapa geral nunca poderá ser apreendido integralmente, dado que seus nós e entroncamentos estão em constante e veloz transformação.
Segundo Machado, Anonymous não é um grupo, tampouco um conjunto unificado, formal ou permanente de indivíduos, mas uma ideia e uma forma de ação compartilhadas por uma ampla, difusa e heterogênea rede de grupos e indivíduos. Por isso, não conta com donos, liderança central ou centro geográfico. Para aderi-la, não é preciso pedir permissão ou passar por qualquer tipo de processo seletivo.
O autor observou a presença do coletivo na rede em duas operações deflagradas por diferentes grupos autoidentificados como Anonymous no Brasil em 2012: #OpWeeksPayment e #OpGlobo. Ele analisou o modo como foram apresentadas as propostas, o método de ação, a comunicação do coletivo com o público externo, o recrutamento de apoiadores para os atos, os principais grupos envolvidos e suas inevitáveis contradições. Para isso, foram armazenados os registros de postagem dos dois principais canais de comunicação utilizados durante as operações: o Twitter – por meio da ferramenta on-line myTwebo – e o IRC, via guarda de logs.
Machado explica que o hacktivismo se configura como uma forma de resistência política no contexto das sociedades de controle. “À medida que as sociedades contemporâneas constroem e adotam tecnologias digitais de comunicação, despontam formas de comando cada vez mais precisas e sofisticadas que, por meio da vigilância e das biopolíticas de modulação, exercem um controle jamais visto. Contudo, as mesmas tecnologias que controlam também são capazes de oferecer oportunidades de resistência”, afirma no artigo.
Leia em HCS-Manguinhos:
Entre o controle e o ativismo hacker: a ação política dos Anonymous Brasil, artigo de Murilo Bansi Machado
Sumário do suplemento Inovação e perspectivas recentes na história das ciências, HCS-Manguinhos, vol.22, dez. 2015
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Anonymous no Brasil. Blog de HCS-Manguinhos. [viewed 25 January 2016]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/anonymous-no-brasil