Pesquisa investiga botica de hospital militar de Goiás em fins do século XVIII

Julho/2015
Quartel de Vila Boa, atual Goiás

Quartel de Vila Boa, atual Goiás

Diante da pouca resistência do corpo europeu a doenças tropicais, remédios e tratamentos eram estratégicos para a expansão portuguesa em terras com agentes patogênicos desconhecidos. Em fins do século XVIII, o Hospital Militar anexo ao Quartel de Vila Boa, antiga capital, atual Cidade de Goiás, era utilizado como laboratório para práticas de saberes indígenas, europeus e africanos. O tema vem sendo estudado pela professora Cristina de Cássia Moraes, da Universidade Federal de Goiás, e o doutorando Thiago Cancelier Dias. O trabalho intitulado “Administrando impérios, floras e boticas para curar o morbo gálico: O Hospital Militar nos Guayazes em fins do século XVIII” foi apresentado por Rildo Bento de Souza, colega de Cristina na UFG, no workshop sobre doenças tropicais realizado de 1 a 3 de julho na Fiocruz, no Rio. O estudo listou diversos remédios disponíveis na botica do Hospital Militar nos Guayazes e suas aplicações para tratar os males que afligiam a capitania. Entre os militares, a doença mais comum era o cancro venéreo (chamado de morbo gálico). O governo de Marques de Pombal (1750-1777) modernizara o sistema medicinal e científico luso, valorizando a técnica da experimentação. A nova abordagem médica compreendia a droga pela sua ação mecânica e utilizava métodos de verificação dos efeitos dos medicamentos no corpo. Os aldeamentos nos Guayazes tornaram-se espaços de pesquisa de novas drogas do sertão a partir de observação dos sistemas alimentares e medicinais dos indígenas. A Coroa promovia uma rede de informação e pesquisa envolvendo cientistas de várias áreas, inclusive estrangeiros. Os viajantes naturalistas eram aconselhados a obter com os indígenas conhecimentos sobre as plantas, como seus nomes e aplicações no tratamento de doenças próprias da região. Além de curar doenças, os bens naturais conhecidos, classificados e catalogados eram valorizados no mercado internacional. Recentemente, os pesquisadores encontraram no Arquivo Ultramarino em Lisboa uma relação de sementes e plantas com fins alimentares e medicinais utilizados para o “tratamento” do morbo gálico, o que demonstraria a importância da flora brasileira para os boticários da época. Entretanto, eles ressaltam que medicamentos e alimentos utilizados contra o mal venéreo, incluindo produtos como ácido sulfúrico concentrado, mercúrio, arsênio, bismuto e iodetos, foram utilizados em vão na luta secular contra a doença. Só em 1909, com a modificação do arsênico, e vinte anos depois, com a descoberta da penicilina, haveria uma interrupção no ciclo de contaminação, desde que o tratamento fosse iniciado no início e mantido. Mais notícias do workshop sobre doenças tropicais: Pesquisadora investiga por que a hanseníase continua endêmica no Brasil Roseli Martins Tristão Maciel, da Universidade Estadual de Goiás, apresentou trabalho no workshop sobre doenças tropicais realizado na Fiocruz. Harald Sioli e a esquistossomose na Fordlândia, 1950 O historiador André Felipe Cândido da Silva revela as descobertas do limnologista alemão em workshop sobre doenças tropicais na Fiocruz Historiadora estuda o combate ao ‘amarellão’ no RS na década de 1920 Em workshop na Fiocruz, Ana Paula Korndörfer abordou a cooperação entre o governo estadual e a Fundação Rockfeller contra a doença Historiador estuda acervo do Asilo São Vicente de Paulo, em Goiás Internos cuidados por irmãs dominicanas entre 1909 e 1946 tinham lepra, doenças mentais e doenças tropicais, como Chagas, malária, leptospirose e dengue, revela Rildo Bento de Souza, da UFG Pesquisa investiga botica de hospital militar de Goiás em fins do século XVIII Trabalho de pesquisadores da UFG foi apresentado no workshop sobre doenças tropicais realizado na Fiocruz, no Rio Ideias de raça influenciaram diagnóstico da febre amarela no Caribe no início do séc. 20 Tara Innis, da Universidade de West Indies, em Trinidad e Tobago, participou de mesa no workshop sobre doenças tropicais realizado na Fiocruz de 1º a 3 de julho. O papel de Havana na busca pelo germe causador da febre amarela no século 19 Steven Palmer, da Universidade de Windsor, Canadá, abordou o tema no workshop sobre doenças tropicais na Fiocruz. ‘Sal Pinotti’ contra malária na Amazônia No workshop sobre doenças tropicais realizado na Fiocruz, Rômulo de Paula Andrade abordou a estratégia na Amazônia nos anos 1950 e Elis Regina Corrêa Vieira falou sobre o papel da imprensa paraense no surto de 1917. Medo e desinformação marcaram epidemia de cólera em Veracruz, no México Beau Gaitors e Chris Willoughby, da Universidade Tulane (EUA), participaram do workshop sobre doenças tropicais na Fiocruz ‘As colônias deram mais do que receberam’ Rita Pemberton, professora da Universidade de York especialista na história de Trinidad e Tobago, proferiu uma das mais aguardadas palestras do workshop E no blog de HCS-Manguinhos em inglês/espanhol: “Race is never silenced in scientific inquiry” Interview with Tara Inniss discusses how racial categorizations continue to form a major part of epidemiological investigation in the Caribbean and elsewhere. A history of yellow fever, environment and nationalism in 19th century Florida, US Elaine LaFay discusses how regional assessments raise questions about meanings of tropicality and cultural understandings of tropical diseases. The polar chamber and the freezing of Cuba politicsFrancisco Javier Martínez-Antonio explains the polar chamber’s way to freeze Cuba in medical and political terms in the 19th century.
La fiebre amarilla y la medicina china en Perú. Artículo de Patricia Palma explora el crecimiento de diversos saberes médicos durante y tras la epidemia de fiebre amarilla en Lima, Perú. La cólera, la desinformación y el comercio en VeracruzBeau Gaitors y Chris Willoughby exploran el problema comercial y sanitario enfrentado por el puerto mexicano en el siglo 19.