Doentes e incapazes para marchar

Junho/2015

Bruno Romero Ferreira Miranda Quando a frota da Companhia das Índias Ocidentais chegou à costa de Pernambuco, em janeiro de 1630, os oficiais do exército invasor esperavam tomar rapidamente as posições portuguesas sem enfrentar muita resistência, o que se provou, ao menos inicialmente, verdadeiro. Olinda, capital da capitania de Pernambuco, caiu em apenas um dia de confronto e seu porto, o Recife, levou poucos dias para ser subjugado.
Vista de Olinda, c. 1630, gravura de Claes van Visscher. Acervo do Museu do Estado de Pernambuco.

Vista de Olinda, gravura de Claes van Visscher, c. 1630. Acervo do Museu do Estado de Pernambuco. Reprodução/Wikipedia.

Superado parcialmente o adversário português, os comandantes das tropas da Companhia enfrentariam continuamente um oponente mais mortífero: as inúmeras doenças que afligiram seu exército e que acarretaram elevados percentuais de baixas desde a invasão e conquista do território, entre 1630 e 1637, até fins da ocupação neerlandesa do Brasil, em 1654. O artigo “‘Doentes e incapazes para marchar’: vida e morte no exército da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Nordeste do Brasil, 1630-1654”, publicado em História, Ciências e Saúde – Manguinhos (v.22, n.2, abr.-jun. 2015), é um aprofundamento de pesquisa do autor financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), realizada nos Países Baixos entre 2007 e 2011, que resultou no livro Gente de Guerra: origem, cotidiano e resistência dos soldados do exército da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil (1630-1654) (Edufpe, 2014). Além de contribuir para o estudo da presença neerlandesa no Brasil, o autor mostra de que modo diversas enfermidades afetaram o cotidiano dos militares e entravaram as ações do exército da Companhia, bem como procura levantar informações a respeito das principais doenças que grassavam entre a tropa e as suas causas. Para Bruno Romero Ferreira Miranda, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o arriscado serviço de guerra no Brasil parece ter sido, em determinados momentos, menos nocivo aos militares da Companhia das Índias Ocidentais do que as várias moléstias que os atormentaram no decorrer dos anos de ocupação.

Contato:

Bruno Romero Ferreira Miranda bruno.miranda@dehist.ufrpe.br

Acesse: Doentes e incapazes para marchar’: vida e morte no exército da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Nordeste do Brasil, 1630-1654 Sumário da edição de HCS-Manguinhos (vol.22, no.2, abr./jun. 2015)
Como citar este post [ISO 690/2010]: Doentes e incapazes para marchar. Blog de HCS-Manguinhos. [viewed 20 June 2015]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/doentes-e-incapazes-para-marchar