Junho/2015
Luciana Galastri | Galileu
Como todas os setores da medicina, a neurociência evoluiu bastante. Enquanto hoje temos procedimentos sofisticados de cirurgia cerebral (que permitiram até que um brasileiro tocasse violão enquanto passava por um procedimento), no passado as coisas eram bem diferentes. Um exemplo é a trepanação.
E o que vem a ser isso? Explicamos: é a abertura de um ou mais buracos no crânio. Seu registro mais antigo data de 8 mil anos, se tornando o mais velho procedimento cirúrgico conhecido – e, incrivelmente, a técnica era usada por várias culturas antigas, desde civilizações pré-colombianas até as primeiras civilizações europeias. Sabemos disso porque vários crânios perfurados foram recuperados em sítios arqueológicos ao redor do mundo – e, como você pode ver pela imagem acima, a perfuração da trepanação é bem diferente da causada por outros traumas cranianos.
Acredita-se que a cirurgia era considerada a solução para vários tipos de doenças. Além de ser usada para ‘tratar’ ferimentos cranianos e doenças mentais, arqueólogos sugerem que a trepanação poderia ter propósitos religiosos – como o exorcismo.
Uma gravura de 1525 mostrando a trepanação (Foto: Peter Treveris/Heironymus von Braunschweig)
Para fazer a perfuração, eram usadas pedras pontudas e lâminas de obsidiana (nos primeiros registros). Depois, quando humanos aprenderam a manipular metais, na era do bronze, bisturis e serras primitivas foram usados. Algumas culturas até desenvolveram técnicas para fazer a cirurgia com vidro!
No entanto foi só em 400 a.C. que o grego Hipócrates, considerado o pai da medicina, escreveu um tratado sobre o cérebro e revelou mais detalhes sobre a trepanação.
De acordo com o neurocirurgião Graham Martin, em uma publicação no Journal of Clinical Neuroscience, Hipócrates nunca havia feito uma trepanação, mas havia aprendido sobre a técnica em uma viagem para Marselha, onde o procedimento já era feito há 1500 anos. Ele compreendeu que a técnica era usada para aliviar a pressão no cérebro causada por sangue, “demônios”, ou qualquer que fosse o diagnóstico do médico.
Fonte: Galileu
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