Dezembro/2014
Na época de Cristo, os romanos mantinham peixes vivos em tanques artificiais de mármore em suas casas como símbolo de status social, além de objeto decorativo. A partir do ano 50 do século I, em Roma, Pompeia e Herculano, painéis de vidro foram colocados nas laterais de alguns tanques, o que permitiu a visualização lateral dos animais, em vez de apenas por cima. O termo “aquário” como forma de designar o reservatório de água com animais marinhos foi adotado no século XIX. Ele surge, especialmente, como ferramenta científica, mas na segunda metade da década de 1850 percebe-se seu potencial de entretenimento. Diversos aquários então são abertos em diferentes países da Europa. O papel de entretenimento e educação do público realizado pelos aquários consolidou-se ao longo do século XX. Instituições dedicadas à exposição do mar passaram a ocupar espaços cada vez maiores, como é o caso dos oceanários, os aquários que têm tanques com tamanho suficiente para abrigar animais de grande porte, como baleias, e representações detalhadas dos ecossistemas marinhos oceânicos. No Brasil, as experiências de exposição de aquários começaram no início do século XX, com um aquário público de água salgada inaugurado no Rio de Janeiro em 1904. Outro, também no Rio, foi inaugurado em 1910, associado a um laboratório de piscicultura na Quinta da Boa Vista, que se dedicava a apresentar animais de água doce dos rios do então estado da Guanabara. O Museu Paraense Emílio Goeldi inaugura seu aquário em 1910, com a mudança de peixes que ficavam em viveiros para tanques fechados com vidros para observação, já nos moldes dos atuais. O Aquário Municipal de Santos, inaugurado em 1945, foi um marco nacional. Seus tanques incluíam animais de grande porte, como tubarões-lixa, tartarugas e pinguins. Passou por sucessivas reformas, que permitiram manter seu atual status como um dos maiores do Brasil, e hoje recebe cerca de quinhentos mil visitantes por ano. Mesmo com instituições novas surgindo, não há, no momento, no Brasil, nenhum local com as dimensões dos grandes aquários estrangeiros, com tanques com mais de oitocentos mil litros. Entretanto, são cada vez mais comuns exposições como a do Aquário de Ubatuba, com tanques contendo organismos vivos e reproduções de ambientes, seres conservados e locais para atividades educativas. O Aquário de Ubatuba foi fundado em 1996 por um grupo de oceanógrafos que acreditavam no potencial do aquário para promover educação e conscientização da diversidade dos ecossistemas costeiros da região. A instituição, privada, montou tanques que reproduzem ambientes de água doce e salgada, contendo organismos pertencentes a cada ambiente.Há, também, em exposição, uma área dedicada ao lixo coletado nas praias locais. A musealização do aquário visa ensinar e divulgar conteúdos ligados à zoologia, ecologia e conservação.
Os mecanismos usados pelo Aquário de Ubatuba para promover a educação e a comunicação com o público, a importância de estudos que estimulem a análise educacional dos aquários e dados de uma pesquisa qualitativa são tratados no artigo O mar no museu: um olhar sobre a educação nos aquários, de Maurício de Mattos Salgado, da Faculdade de São Paulo/União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo, e Martha Marandino, da Faculdade de Educação da USP, publicado na edição Oceanos e mares: histórias, ciências e políticas de História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol.21 no.3 , jul./set. 2014). O artigo discute o papel educativo dos aquários e discute a musealização deste espaço com o objetivo de divulgar conteúdos ligados à zoologia, ecologia e conservação. Antes, porém, os autores se debruçam sobre a constituição dos aquários ao longo da história. Leia em HCS-Manguinhos: O mar no museu: um olhar sobre a educação nos aquários, artigo de Maurício de Mattos Salgado e Martha Marandino Edição Oceanos e mares: histórias, ciências e políticas (vol.21 no.3 , jul./set. 2014). E ainda, sobre museus: Salgado, Maurício de Mattos and Marandino, Martha O mar no museu: um olhar sobre a educação nos aquários. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Set 2014, vol.21, no.3, p.867-882. ISSN 0104-5970 Rangel, Marcio. Os museus de história natural como espaço de construção do saber. Hist. cienc. saude-Manguinhos, 2010, vol.17, no.3, p.845-848. ISSN 0104-5970 Possik, Patricia Abrao et al. Você já comeu DNA hoje? Divulgação científica durante a Semana da Ciência e Tecnologia no Brasil. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Nov 2013, vol.20, suppl.1, p.1353-1362. ISSN 0104-5970 Ceravolo, Suely Moraes. Uma análise sobre museus na década de 1940: o estudo de José Antonio do Prado Valladares. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Jun 2012, vol.19, no.2, p.769-777. 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