Maio/2015
Max Altman | Opera Mundi
No dia 8 de maio de 1794, morre em Paris o pai da Química moderna e descobridor do oxigênio, Antoine-Laurent de Lavoisier. Foi testemunha, por sua vida e obra, da grandeza do século XVIII na França, o Século das Luzes.
Lavoisier não foi somente um sábio, mas também um filantropo ao propor ao governo de Luis XVI reformas audazes no campo social. Acabou assumindo esta função, que lhe rendeu grande riqueza e um ritmo de vida aristocrático.
Após cursar brilhantemente a universidade e oferecer algumas contribuições científicas notáveis, foi eleito aos 25 anos para a Academia de Ciências. Tornou-se também, mais tarde, inspetor-geral da Coroa para a pólvora e o salitre.
Graças a sua fortuna, abre um laboratório da mais alta qualidade, levando-se em conta as técnicas da época. Sua mulher, a quem amava intensamente, presta-lhe assistência em suas pesquisas com enorme competência.
Requisitado para tratar de um problema de iluminação de Paris, o sábio demonstra que a combustão do hidrogênio não resulta no desaparecimento de matéria e sim na formação de novas substâncias. Suas pesquisas são reunidas no volumoso Tratado Elementar de Química, publicado em 1789.
As pesquisas giravam em torno do princípio por ele cunhado: “Nada se cria, nem nas operações de arte, nem naquelas da natureza. Pode-se estabelecer, em princípio, que há uma quantidade de matéria antes e depois de toda operação, que a qualidade e a quantidade dos princípios são as mesmas, e que só existem mudanças”. Essa enunciação é habitualmente resumida pelo aforismo “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
A função paralela de coletor de impostos exercida por Lavoisier não era estranha à descoberta desse princípio. Com a coleta de tributos, aplica o mesmo raciocínio: totaliza-se numa coluna as receitas e nas outra as despesas de tal forma com que os dois volumes sejam idênticos.
Como Coletor Geral e privilegiado pelo Antigo Regime, Lavoisier foi preso em 24 de novembro de 1793, sob a égide do terror revolucionário. Tendo o tribunal revolucionário condenado-o à guilhotina, Lavoisier solicita um indulto de quinze dias para terminar uma experiência científica.
Segundo o testemunho de um abade, o tribunal sentenciou: “Nós não temos necessidade de químicos”. A posteridade, para ressaltar o malfeito da Convenção, reteve a formulação: “A República não tem necessidade de sábios”. A cena e a consigna parecem pouco verossímeis quando se sabe do rigor com que o governo revolucionário mobilizou os cientistas a serviço da guerra contra o invasor.
Fonte: Opera Mund
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