Fevereiro/2017
As teorias latinas acerca da melhoria da raça no contexto da eugenia foram mais influentes do que as alemãs em Portugal entre as décadas de 1930 e 1960. É o que afirma Richard Cleminson, professor de estudos espanhóis, portugueses e latino-americanos na Universidade de Leeds, Reino Unido, e autor de artigo no número especial sobre eugenia de HCS-Manguinhos (vol.23, supl.1, dez/2016).
O artigo Entre a eugenia germânica e a latina: Portugal, 1930-1960 identifica as duas grandes correntes que disputavam a hegemonia sobre a eugenia: as teorias alemãs de herança genética e a eugenia latina, que leva mais em conta a influência do meio ambiente e das doenças para explicar uma suposta degeneração do povo português.
Segundo Cleminson, isto não significa que as teorias do Norte da Europa estivessem ausentes em Portugal. Detecta-se na pesquisa uma longa tradição destas teorias na eugenia portuguesa sobretudo emergentes na antropologia no país, disciplina que teve uma influência importante nas teorias da herança e do “destino” da nação lusa.
Porém, o peso muito forte das teorias sobre o meio ambiente, somado ao conhecimento que se ia tendo acerca dos horrores da eugenia nazista e por razões ligadas à próprias dinâmicas do regime salazarista e o contexto internacional, a eugenia portuguesa em torno do ano 1945 reafirma a dominação das teorias latinas, focadas em medidas populacionais sanitárias e higiênicas.
Leia em HCS-Manguinhos:
Entre a eugenia germânica e a latina: Portugal, 1930-1960, artigo de Richard Cleminson (vol.23, supl.1, dez/2016).
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